terça-feira, 31 de maio de 2011

Relatório do blog

O blog “Tome um Partido”, criado pelos alunos Beatrice Costa, Clebson Moura, Gustavo Gimenez, Maria Fernanda Canobel e Mariana Parodi para a disciplina de Teoria da Opinião Pública teve como tema a organização social e a participação política dos brasileiros. Desde 1º de abril de 2011, data da primeira postagem efetivada - que tratou de situar os leitores acerca de nossa temática e também provocar comentários - os autores do blog buscaram ampliar a visão dos leitores sobre temas polêmicos ou até mesmo de difícil compreensão, apresentando os lados divergentes das questões e incentivando-os a contribuírem com o enriquecimento da discussão (através de seus comentários), por ser esse o ponto fundamental de um blog: um espaço de debate em que há oportunidade de manifestação e liberdade de escolha sem julgamentos, um espaço de integração em que o autor (do blog) não tem como função indicar os caminhos “corretos” da interpretação.

A segunda postagem, de 8 de abril, intitulada “O Código Florestal brasileiro deve ser reformulado?” foi a primeira tentativa de trazer ao leitor um assunto polêmico e que, na visão do grupo, não é bem tratado pelas mídias convencionais. Com um texto pequeno, esclarecedor, objetivo e de linguagem simples, os autores do blog esperavam que os comentários trouxessem manifestações muito mais intensas, ou seja, de acordo com as propriedades da Opinião Pública, esperava-se que o grau de adesão dos leitores fosse maior, nem tanto no que tange a quantidade de indivíduos que comentaram, e mais no que diz respeito à força do posicionamento daqueles que o fizeram. Aqui, vale dizer que as opiniões seguiram um consenso, talvez pelo fato da temática “preservação ambiental” estar tão em voga, não encorajando aqueles que discordam das opiniões já dadas a manifestarem-se. Na terceira postagem, de 14 de abril, a questão abordada foi a do voto, e mais uma vez percebemos que algo faltava para que a opinião dos leitores se tornasse pública; sendo a questão do voto tão importante para nós, não era de se esperar que tão poucos se importassem com ela. Outra tentativa foi a postagem de 22 de abril, que tratava dos investimentos em energia nuclear aqui no Brasil. O grau de adesão dos leitores permaneceu insuficiente perante nossas expectativas e a partir daí o grupo decidiu que deveria abordar temas mais polêmicos de início, para que o blog se tornasse mais interessante e conquistasse leitores assíduos. Daí em diante, postagens como a Campanha do Desarmamento, a união homoafetiva e a Copa de 2014, que tinham como característica inata estarem “na boca do povo” indicaram o rumo que o blog deveria seguir para atingir nossos objetivos: promover uma análise da Opinião Pública sobre a temática principal.

O número de visualizações da página do blog cresceu muito na medida em que os textos foram se mostrando mais polêmicos. Ainda que os comentários não tenham sido em grande número, os autores sempre estiveram dispostos a promover e mediar o debate no espaço que era do leitor, público. Como são vários os autores dos textos, a participação dos leitores é fundamental para que seja possível definir melhores estratégias e decifrar suas preferências, tornando-as elementos constituintes dos próximos posts. Para a divulgação do blog, os autores criaram links nas redes sociais, enviaram e-mails e comentaram em comunidades online que já se interessavam pelo tema. A cada postagem, todos compartilhavam seu link em sua página na Internet, para garantir que diferentes pessoas tivessem acesso ao conteúdo.

A respeito do conteúdo opinativo dos leitores, pudemos concluir que a busca pelo elemento ativador da Opinião Pública não foi encerrada, pois a latência permaneceu em alguns textos. Quando tratamos sobre temas “novos” como as eleições de 2012 e a energia nuclear, pode-se dizer que o grau de adesão daqueles que comentaram foi pouco intenso, sendo, portanto, muito difícil enquadrar essas situações perante os conceitos de direção e distribuição; entretanto, foi através dos temas menos polêmicos que conseguimos comentários mais coerentes. Em se tratando dos assuntos polêmicos, pode-se observar que o grau de intensidade e a ativação do potencial de opinião foram maiores (vale ressaltar que o grau de adesão foi maior em relação ao texto que tratava do tema e não diretamente ao tema), mas que a coerência deixou a desejar e que a direção e distribuição dos comentários tomaram um único sentido. Para explicar o fenômeno, recorremos à Teoria da Espiral do Silêncio, definida por Elisabeth Noille Neumann em 1974, já que as pessoas que discordam do “senso-comum” ou do que no momento se mostra “politicamente correto” preferem se ausentar das discussões a se comprometerem, ou seja, preferem ficar caladas.

Com uma média de quarenta visualizações e sete comentários por postagem, além da participação dos leitores nas enquetes, o blog “Tome um Partido” buscou discutir os temas levantados pela mídia, incitando os leitores a uma reflexão mais aplicada a ao exercício da participação política, com o expressar de suas opiniões individuais e que só assim podem culminar numa Opinião Pública. Foi possível constatar certo distanciamento do público em relação às questões levantadas, bem como a incoerência no que diz respeito à consistência de argumentos.

sábado, 14 de maio de 2011

Copa de 2014: da bola à bolada


30 de outubro de 2007 : A FIFA determina que o Brasil seria o país anfitrião da Copa do Mundo de Futebol de 2014. 31 de maio de 2009: Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo são anunciadas como as cidades-sede do evento. Situação das candidatas: nenhuma pronta para exercer essa função.
O presidente da FIFA anunciando a vitória do Brasil como anfitrião do evento
Bem, amigos! A partir daí a bola começa a rolar e...Nada acontece no primeiro tempo. Inicialmente calculadas em torno de 1,9 bilhão de reais, as obras de adequação e construção dos estádios para a Copa ainda não têm resultados concretos. Apenas 3 estádios têm data de conclusão prevista e o Itaquera, que ficou decidido como o estádio da abertura em meados de agosto do ano passado, corre o risco de perder esse posto, já que sua construção não foi iniciada e estima-se que custará 300 milhões a mais do que o planejado. Isso pra não falar da infra-estrutura exigida pela FIFA para receber as delegações e turistas nas cidades-sede, como hotéis, aeroportos, restaurantes, hospitais e sistemas de transporte e telefonia que realmente funcionem.
Todo esse atraso na preparação para a Copa não pode ser creditado à inexperiência do país em sediar um evento tão importante como esse. Pra quem já havia se esquecido (e olha que é difícil esquecer aquela final contra o Uruguai!), em 1950 o Brasil foi o local da Copa do Mundo. O cenário era parecido com o atual: políticos e população divididos a favor e contra a construção de um estádio para o jogo de abertura e, a pouco mais de três anos do torneio, ainda existiam dúvidas se ele realmente sairia do papel. Se essa era a situação do Rio de Janeiro em 1946, pode-se dizer que a de São Paulo em 2011 é praticamente a mesma.
É claro que o Mundial de 60 anos atrás foi modesto em relação aos padrões atuais, mas os recursos de hoje nos permitem igualar as situações. Recordar o passado pode servir para evitar erros no futuro: as obras do Maracanã (RJ) só começaram em 1948 e ele foi inaugurado inacabado, a uma semana da Copa. Mas não é só esse atraso nos estádios que torna os cenários de 1950 e 2014 tão próximos. As grandes distâncias entre as cidades-sede, que preocupam em 2014, já causavam problemas nos anos 40. A distância entre Porto Alegre e Manaus, por exemplo, é de 4.620 km, e, apesar das seis décadas que se passaram, os aeroportos brasileiros continuam uma vergonha.
Com tantos problemas, chegamos aos 15 minutos de intervalo. E, se o intervalo é o tempo de rever os melhores momentos para quem está de fora, é também o de maior pressão para quem está em campo. Atenção brasileiros: nesse jogo estamos todos em campo e a pressão aumenta a cada dia, porque quase não há melhores momentos para serem mostrados. A FIFA pressiona de um lado, os jornais e personalidades estrangeiras criticam de outro e quase não importa o que você pensa individualmente sobre a Copa ser aqui, assim como não importa quem jogou bem o mal o primeiro tempo: somos um time e todo mundo vai ouvir se as coisas não estiverem caminhando bem.
Chegamos agora ao segundo tempo desse jogo. Nosso time tem muito que fazer para sair vitorioso, mas será que nosso grupo técnico é bom? Estamos sendo bem treinados? As condições que temos para um jogo como esse são suficientes?
 Essas são perguntas que alguns brasileiros já conseguem responder desde a escolha do Brasil como sede da Copa de 2014. Para outros, ainda vale a pena esperar o desenrolar da partida e acreditar na vitória brasileira até os 45 (minutos) do segundo tempo.
Agarramos o troféu ou cobrimos o rosto de vergonha?

O Brasil já está consolidado no exterior como o país do futebol e maravilhoso destino turístico, mas, de fato, não está preparado para receber em um mês a quantidade de turistas que costuma receber ao longo de um ano. O evento precisa ser um sucesso para não manchar essas conquistas. O cronômetro está correndo e temos pouco tempo para driblar as adversidades. E, nesse jogo,não haverá acréscimos.

O que você pensa de tudo isso? Torceu pela escolha do Brasil mas agora se arrepende? Desde o início sabia que isso poderia acontecer e torcia contra? Sempre torceu e continua torcendo para o evento ser um sucesso? Acredita que a Copa pode deixar estruturas necessárias ao povo brasileiro? Comente, dê sua opinião! Ela é importante para o time! :)

Fontes: Portal da Copa (http://www.copa2014.org.br/)
            Folha.com (http://www.folha.uol.com.br/)

terça-feira, 10 de maio de 2011

União homoafetiva: houve democracia na decisão?

   

A união homoafetiva foi validada por unanimidade pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Entretanto, isso pode nos fazer indagar sobre a nossa democracia. De que forma? Simples: o país com mais católicos do planeta estaria de acordo com a decisão dos representantes? Talvez não. E, em uma democracia, deveria levar-se em conta a vontade da maioria – do contrário estaríamos nós vivendo em um disfarçado totalitarismo? (em que os cidadãos comuns não têm participação no Estado).


   Ainda que a televisão, de algum tempo para cá, venha mostrando personagens homossexuais em sua teledramaturgia, é visível a não discussão do assunto. Nas novelas, o papel de um gay é sempre caricaturado. O assunto nunca é realmente debatido em sua totalidade e profundidade. O público acaba se tornando alienado, com a visão estreita do assunto. E a realidade é lida com óculos de pura ignorância: “Na televisão, o homossexual é divertido. Mas na minha casa, eu não quero um filho assim.” Será que esse exemplo é distante da realidade brasileira? 


   Agora a pergunta que não quer calar: na sociedade brasileira atual, enormemente preconceituosa, como uma lei para casamento homossexual foi aprovada? Levando em conta a opinião da maioria, ou garantindo o direito da minoria? O papel do Estado deve ser racionalizado: a partir do momento que elegemos representantes – estes devem se achar no dever de decidir como se fossem nós efetivamente? Mesmo que nem sempre estejam conforme a vontade do povo? De acordo com Associação Internacional de Gays e Lésbicas, o Brasil é o país que mais mata homossexuais no mundo, então, por raciocínio lógico – onde o preconceito é mais severo e efetivo. Logo, um lugar onde uma lei como essa jamais seria vontade da maioria.

  
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“Delicada relação”(Israel, 2002) trata do amor entre dois militares. Essa cena do filme te choca? Se a resposta é “sim”, provavelmente você não está preparado para ir a um casamento gay.













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As infinitas maneiras de enxergar


Seguem abaixo algumas opiniões sobre o assunto que pautou os principais meios de comunicação na última semana. Critique, pondere, fale! Ou tudo deve mesmo morrer em silêncio?



“Quando as pessoas que exercem poder no mundo irão acordar para algo que está acabando [referindo-se à destruição da família] e que, ao acabar, tira a possibilidade da esperança da sociedade?"
- Dom Joaquim Guimarães afirmou último dia 5, na Assembleia da CNBB



"Por que não reconhecer essa relação de amor? Não há mais razão, no mundo de hoje, para não reconhecer e não proteger esses relacionamentos e as famílias vindas desses relacionamentos."
- Heloísa Gama Alves, advogada especialista em direito homoafetivo



“Por que temos que ser pioneiros numa coisa que o brasileiro não quer? Por que Cabral e Dilma não fazem um plebiscito? Porque eles sabem que o povo brasileiro não aceita, tem a sua cultura enraizada”.
- Ralph Anzolin Lichote, advogado da conservadora Associação Eduardo Banks



"O reconhecimento, portanto, pelo tribunal, hoje, desses direitos, responde a um grupo de pessoas que durante longo tempo foram humilhadas, cujos direitos foram ignorados, cuja dignidade foi ofendida, cuja identidade foi denegada e cuja liberdade foi oprimida",
- Ellen Gracie, ministra


sexta-feira, 6 de maio de 2011

O COMÉRCIO DE ARMAS DE FOGO E MUNIÇÃO DEVE SER PROIBIDO?


Começa hoje, dia 6 de maio, em todo o Brasil, a Campanha Nacional do Desarmamento. O massacre em Realengo ocorrido há um mês reacendeu uma discussão que não era colocada em pauta desde 2005, quando um Plebiscito questionou se armas de fogo e munição deveriam ser proibidos no Brasil. Na época, 63,9% dos eleitores responderam que não, mas há quem diga que a opinião pública pode ter mudado desde lá.

Os favoráveis a proibição dizem que a legalização facilita o uso de armas em crimes de caráter passional, geralmente por pessoas sem antecedentes criminais, como o assassino das doze crianças do colégio em Realengo. Além disso, pesquisas apontam que campanhas de desarmamento costumam diminuir o número de homicídios.
O Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, planeja uma campanha em que civis poderão entregar seu armamento para o Governo em troca de uma indenização em dinheiro.

Do outro lado da discussão, estão os que dizem que a proibição não é um bom negócio no Brasil. Alegam que a Segurança Pública é ainda muito precária e não protege o cidadão, obrigando a população a se armar e se defender sozinha de bandidos. Pode-se citar ainda o intenso tráfico de armas ilegais vindas das fronteiras do país que abastecem o crime diariamente. Estima-se que mais da metade do arsenal dentro do território nacional seja de origem ilegal.

Qual seria a melhor solução para essa questão? Deveria o Estado reforçar a Segurança Pública e as fronteiras do país para que não existisse a necessidade da população se munir? A proibição seria a solução ou o agravamento do problema da violência?
Deixe seu comentário!

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Devemos continuar investindo em Energia Nuclear?

Uma semana após o Japão emitir o alerta de gravidade da crise nuclear para o nível máximo – antes utilizado somente no desastre de Chernobyl – a discussão sobre a viabilidade ou não de continuar investindo nesse tipo de energia continua em pauta no Brasil e no mundo.

Vale lembrar que aqui as duas usinas existentes, localizadas em Angra dos Reis (RJ), são responsáveis por 2,5% de toda a demanda energética nacional. A construção de Angra 3, já está em andamento e outras quatro devem ser erguidas até 2030.

O Greenpeace enviou uma carta para o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) pedindo a suspensão do financiamento de R$6 bilhões para a construção da nova usina, alegando que o dinheiro que pertence aos brasileiros, está sendo utilizado numa obra que apresenta riscos à população.

Segundo a ONG, a Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras, admite que o lixo radioativo produzido em vinte anos de operação atômica até hoje não tem um descarte seguro. Além disso, Angra 2 funciona sem autorização definitiva da Comissão Nacional de Energia Nuclear (autarquia ligada ao Ministério de Ciência e Tecnologia) e com um plano de evacuação falho, se considerado que as maiores ameaças são os deslizamentos de terra – cada vez mais constantes na região – que podem, inclusive, bloquear as estradas.

Por outro lado, o presidente da CNEN, Odair Gonçalves, afirmou à agência de notícias IPS que “temos [no Brasil] muito urânio e essa é uma riqueza muito grande que tem de ser explorada, porque dá uma independência inclusive tecnológica muito importante.

Há, ainda, ambientalistas favoráveis à manutenção das usinas atômicas, com o argumento de que estas não poluem como as termoelétricas, não inundam grandes áreas como as hidreléticas e a frequência com que ocorrem vazamentos é muito baixa.

De fato, é um assunto a ser debatido. O que você acha dessa fonte de energia?


quinta-feira, 14 de abril de 2011

Eleitor poderá, em 2012, escolher como quer votar

Deputados Federais e senadores cogitam convocar um plebiscito em 2012 para decidir se haverá mudança na regra eleitoral. A discussão em pauta será o voto em lista fechada ou lista aberta nas eleições legislativas. 
O voto em lista fechada já foi aprovado pela comissão da reforma política no Senado. Para tornar-se válido, deverá ser aprovado pelo plenário do Senado e da Câmara e ser sancionado pela presidenta Dilma Rousseff.

A proposta vem sofrendo resistências no meio político, principalmente na oposição (PSDB, DEM e PPS) que defende o voto distrital misto (lista aberta).

A lista fechada é oficialmente apoiada pelo PT, porém o vice-presidente Michel Temer (PMDB) apoia o voto distrital.

A comissão do Senado já aprovou uma nova norma para os suplentes de senadores. Na proposta, os parlamentares passariam a ter apenas um suplente, que só assumiria temporariamente até a próxima eleição.

Outro projeto aprovado proíbe as coligações nas eleições para o legislativo (deputados federais, estaduais e distritais, além dos vereadores).

As mudanças incluem ainda o fim da reeleição para o Executivo, que passariam a ter um mandato de cinco anos (atualmente são quatro), e a alteração da data de posse para os prefeitos e governadores (10 de janeiro) e presidente (15 de janeiro).

        Entenda Melhor!

Voto em Lista Fechada: o eleitor não poderá escolher seu candidato a deputado federal e estadual e vereador. Seu voto será no partido do candidato de sua preferência. Se a legenda conquistar vagas no plenário, as cadeiras serão ocupadas pelos candidatos em uma ordem de escolha previamente estipulada pela legenda em uma lista.

Voto em Lista Aberta (modelo distrital misto): o país será dividido em distritos, vencerá apenas o candidato que obtiver mais votos nesse local. Nesse caso, o eleitor votará no candidato ou no partido de sua preferência (como é hoje). Elege-se apenas um deputado por distrito.

Qual tipo de voto você prefere? Lista Aberta ou Lista Fechada? Qual é o mais democrático? Por que essa escolha? Deixe seu comentário!!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

O Código Florestal brasileiro deve ser reformulado?


     O projeto do deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP), propõe a alteração de alguns pontos do Código Florestal vigente. O assunto está, há dois anos, em constante discussão pelo Congresso Nacional e gera polêmica na sociedade. A votação, que devia ocorrer nesta semana, foi adiada em 15 dias pelo presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), a pedido da ministra do Meio Ambiente, Isabella Teixeira.
Algumas das mudanças propostas pela chamada “bancada ruralista” são:

  • Redução das Áreas de Preservação Permanente:
     A faixa mínima de proteção nas margens dos rios passaria de 30 para 15 metros de extensão, permitindo que cada estado possa definir seus próprios parâmetros. Ainda, encostas íngremes e topos de morros poderiam ser habitados. Com isso, aumenta-se o risco de enchentes e deslizamentos de terra.

      Com a justificativa de que uma lei não pode impor os mesmos parâmetros para todo o país, pois passa por cima das características locais e comete injustiças e que a recuperação das áreas de morros traria o caos à agricultura nacional, prejudicando sobretudo os pequenos agricultores e algumas culturas cultivadas em áreas de declive ou de várzea, como o arroz, café e maçã.


  • Fim da Reserva Legal e anistia para desmatadores
     Hoje, os produtores rurais têm a obrigação de preservar uma área de mata nativa dentro de suas propriedades; se ela tiver sido desmatada ilegalmente, tem de ser recomposta ou compensada. Com as alterações previstas, deixa de ser obrigatória a recuperação nos casos de desmatamento ilegal ocorridos até 2008. Além disso, as propriedades pequenas – de até 440 hectares – não precisariam manter a Reserva Legal e isso abriria uma brecha, possibilitando que médias e grandes propriedades sejam divididas no papel e, assim, dispensadas de ter qualquer área protegida.

     Argumentando que áreas que foram ocupadas historicamente, algumas vezes com ajuda do governo, ou quando era permitido não devem ser recuperadas, pois isso significaria uma imensa perda para a agricultura nacional e uma injustiça para muitos agricultores. Afirmando também que a Reserva Legal impede o desenvolvimento da Amazônia.

      O que gera preocupação de ambientalistas, cientistas e movimentos sociais, são os problemas que tais medidas, provavelmente acarretarão no futuro. Apenas com a redução das matas nas margens dos rios, uma área de florestas correspondente a 2 milhões de campos de futebol será desmatada, ou seja, aproximadamente 16,5 bilhões de m² – provocando, ainda, uma perda irreparável da biodiversidade, degradação do solo e poluição das águas.
      No dia 05 de abril, produtores se reuniram em frente ao Congresso para pressionar pela aprovação do projeto. Enquanto isso, a comunidade de mobilização online mundial, Avaaz, organiza uma petição contra o novo Código Florestal.


E você? O que acha sobre isso? Informe-se, reflita, opine!