terça-feira, 10 de maio de 2011

União homoafetiva: houve democracia na decisão?

   

A união homoafetiva foi validada por unanimidade pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Entretanto, isso pode nos fazer indagar sobre a nossa democracia. De que forma? Simples: o país com mais católicos do planeta estaria de acordo com a decisão dos representantes? Talvez não. E, em uma democracia, deveria levar-se em conta a vontade da maioria – do contrário estaríamos nós vivendo em um disfarçado totalitarismo? (em que os cidadãos comuns não têm participação no Estado).


   Ainda que a televisão, de algum tempo para cá, venha mostrando personagens homossexuais em sua teledramaturgia, é visível a não discussão do assunto. Nas novelas, o papel de um gay é sempre caricaturado. O assunto nunca é realmente debatido em sua totalidade e profundidade. O público acaba se tornando alienado, com a visão estreita do assunto. E a realidade é lida com óculos de pura ignorância: “Na televisão, o homossexual é divertido. Mas na minha casa, eu não quero um filho assim.” Será que esse exemplo é distante da realidade brasileira? 


   Agora a pergunta que não quer calar: na sociedade brasileira atual, enormemente preconceituosa, como uma lei para casamento homossexual foi aprovada? Levando em conta a opinião da maioria, ou garantindo o direito da minoria? O papel do Estado deve ser racionalizado: a partir do momento que elegemos representantes – estes devem se achar no dever de decidir como se fossem nós efetivamente? Mesmo que nem sempre estejam conforme a vontade do povo? De acordo com Associação Internacional de Gays e Lésbicas, o Brasil é o país que mais mata homossexuais no mundo, então, por raciocínio lógico – onde o preconceito é mais severo e efetivo. Logo, um lugar onde uma lei como essa jamais seria vontade da maioria.

  
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“Delicada relação”(Israel, 2002) trata do amor entre dois militares. Essa cena do filme te choca? Se a resposta é “sim”, provavelmente você não está preparado para ir a um casamento gay.













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As infinitas maneiras de enxergar


Seguem abaixo algumas opiniões sobre o assunto que pautou os principais meios de comunicação na última semana. Critique, pondere, fale! Ou tudo deve mesmo morrer em silêncio?



“Quando as pessoas que exercem poder no mundo irão acordar para algo que está acabando [referindo-se à destruição da família] e que, ao acabar, tira a possibilidade da esperança da sociedade?"
- Dom Joaquim Guimarães afirmou último dia 5, na Assembleia da CNBB



"Por que não reconhecer essa relação de amor? Não há mais razão, no mundo de hoje, para não reconhecer e não proteger esses relacionamentos e as famílias vindas desses relacionamentos."
- Heloísa Gama Alves, advogada especialista em direito homoafetivo



“Por que temos que ser pioneiros numa coisa que o brasileiro não quer? Por que Cabral e Dilma não fazem um plebiscito? Porque eles sabem que o povo brasileiro não aceita, tem a sua cultura enraizada”.
- Ralph Anzolin Lichote, advogado da conservadora Associação Eduardo Banks



"O reconhecimento, portanto, pelo tribunal, hoje, desses direitos, responde a um grupo de pessoas que durante longo tempo foram humilhadas, cujos direitos foram ignorados, cuja dignidade foi ofendida, cuja identidade foi denegada e cuja liberdade foi oprimida",
- Ellen Gracie, ministra


11 comentários:

  1. O pensamento em relação a democracia está completamente equivocado! É o oposto! A democracia como a falada de hoje, na realidade, é um governo representativo, sendo aos representantes consagrado o poder do juízo público. Se o governo passar a agir a favor daa maioria, sem um equilibrio de voz, não haverá representação as minorias, as minorias passam a ser excluidas. Isso se chama despotismo d amaioria, o governo se dá favorecendo unicamente ao grupo hegemonico, e isso sim causa totalitarismo. No totalitarismo só cabe aqueles que fazem parte daquele totalidade, unidade, e aos diferentes cabe a exclusão. Portanto, de primeira, pode-se mesmo confundir um regime totalitário ao regime democratico, quando está totalidade representa a maioria. Quem disse que os nazistas, de inicio, já se sentiam numa tirania? Que nada, se viam como democráticos, faziam parte do grupo hegemônico! Portanto a união legal de casais homoafetivos fui um puta ato democrático! De representação de todos, de administração do poder da voz publica, do juizo publico exemplar! Numa democracia todos estão includidos, todos tem o direito da igualdade de condição, como fala Toqueville, a democracia é cívica, uma condição cívica, de que todos podem, não devem, mas podem ser iguais, ter direitos iguais, sem interferencia maior, de poder, de força de um governo na sua individualidade, na sua construção de identidade. Pelo contrário, o regime decmocrático deve garantir a liberdade individual!

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  2. Relendo tem mil erros de português! escrevi com pressa! Mas o conteúdo mantenho! hahaha

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  3. Concordo com a democracia, é o unico caminho hoje que nos leva a decisões justas. Só reflito muitas vezes se é justo em pleno século XXI, vir a tona uma discussão sobre a aceitação da sociedade brasileira em torno a esse assunto. Os homossexuais hoje, são definitivamente prejudicados em todos os sentidos, além de todo o preconceito existente, não há quem pergunte a eles, como eles se sentem por não poderem constituir familia por conta de uma lei que antes não era aprovada, mas que coisa, a gente coloca tanto em discussão se nós somos a favor dessa lei, se nós vamos conseguir lidar com essa situação, mais uma vez o povo olhando pro próprio nariz, como sempre fazem, afinal o que podemos esperar de uma sociedade onde elegem como um dos nossos representantes, Tiririca, ou ate das ligações pra votar em quem sai ou não de BBB, ou indo mais a fundo, me digam... o que podemos esperar de uma sociedade que é a favor de armas? Acredito que o erro é apenas uma interpretação pessimista, mas SIM vou ser pessimista, não é uma lei que da o direito de um homossexual criar com amor e carinho uma familia, que vai mudar algo por aqui, muitas coisas estão erradas, e é triste pensar em como nós podemos ainda agir e nos posicionar como se nós tivesse-mos o direito de escolher, o que é mais confortavel pros nossos olhos, que por sinal estão cegos, de tudo que esta em nossa frente. O caminho não é esse, tem medidas que tem que ser tomadas, tem que dar o primeiro passo, isso serve como o primeiro passo, e é nossa juventude que tem que tomar e aceitar atitudes assim, por que agora é a favor de algo que muitas vezes pode ser desconfortavel, mas amanhã pode ser algo onde nós precisamos e reconhecemos que independente do conceito geral, vai mudar as nossas vidas. Parabens pelo texto, muito bem colocado, agradeço a oportunidade de poder comentar, é assim que as coisas melhoram, com liberdade, com clareza e muito conhecimento.

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  4. Eu penso que essa lei só está em vigor hoje, porque a aprovação dela dependeu apenas do Supremo Tribunal Federal e não de parlamentares. Infelizmente o Congresso está repleto de homofóbicos declarados ou enrustidos (assim como na sociedade) que não se esforçam a ajudar a causa gay.
    A garantia dos direitos dos gays à constituição de uma família não é um tema que deve ser discutido e decidido pelo Legislativo, como estava sendo feito até agora. Passaram-se 16 anos desde que o assunto entrou em pauta no Congresso Nacional e nada foi conquistado nesse período. Foi necessária a intervenção dos juízes do STF para que se chegasse na lei aprovada essa semana! Acho certo, afinal não é o Judiciário o representante máximo da defesa e execução dos direitos do Homem? Dos Direitos Humanos? Não somos todos iguais perante a lei? Pensando assim, não seria a exclusão do direito do homossexual ao casamento e a adoção de crianças discriminatória e portanto ilegal?
    Dificilmente essa lei cessará ou diminuirá as manifestações do ódio que vemos nas ruas hoje. Trata-se de um país ultra-conservador, cheio de Bossonauros e gente cega pela ignorância. Mesmo assim não deixa de ser uma garantia de que a Lei está do lado da causa.
    Espero ao menos que isso seja o nascimento de uma reflexão geral sobre o tema, que os jovens de hoje e pais de amanhã ensinem seus filhos a respeitar o próximo independentemente de sua opção sexual.

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  5. A sociedade Brasileira sempre carregou muitas feridas sangrando preconceito, os negros são um das inúmeras provas disso, independente da sua opção sexual já eram discriminados e ainda são por muitos...O povo Brasileiro, sem argumentos ou motivos para esses pré conceitos sob as pessoas ''diferentes'' daquilo que eles chamam de normais, brancos e heteros, se veem no dever de ridicularizar e menosprezar a minoria, que por sinal, minoria só na teoria, pois os negros são a maioria no Brasil. [ http://pelenegra.blogspot.com/2011/04/censo-do-ibge-2010-declara-que-negros.html ]
    Voltando ao assunto do texto, o preconceito está borbulhando em todos os lugares, e a lei é só um conforto 'simbólico' para os que lutam por um espaço na sociedade, pois a discriminação vai continuar, e eu desconfio que ainda mais violenta e revoltante por gays estarem conseguindo seus direitos..Na minha opnião a questão pode até começar pela lei, mas vai muito além, está na cabeça das pessoas, é ali que há de haver um jeito de mexer..Conscientização de que todos tem direitos iguais já não é a palavra, grande parte tem isso na cabeça, mas com aquela velha frase ''Eu não tenho nada contra, desde que não seja da minha família e fique bem longe de mim'' ou seja, SENSIBILIZAÇÃO é a palavra, a única dúvida é como sensibilizar esses monstros que existem dentro de tantos indivíduos. Como pode existir um Deus tão bom e generoso e um monstro tão cruel e egoísta? A religião, seja qual for devia andar de mãos dadas aos direitos humanos, mas criam uma barreira, que tenho certeza que, seja Deus, qual for o Deus que cada qual acredite, não faria nunca.

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  6. Eu acredito que a lei que permite a união homoafetiva foi aprovada por causa do papelão que Jair Bolsonaro fez, pois afinal, quem iria votar contra a aprovação da lei e correr o risco de ser tachado de homofóbico como o ilustre deputado?

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  7. Caras Leitora,

    Em relação aos moralistas que são contra o casamento, devemos respeitar suas opiniões?

    Obrigado!

    Participem!

    TOME UM PARTIDO!

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  8. Eu acho que cada um tem o direito de pensar o que quiser, desde que respeite a opinião do outro e não saia por aí difamando pessoas como o Bolsonaro está fazendo.

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  9. Um país como o Brasil, com tabus que dominam a população, que sem força de vontade, ja deixou de lutar pelo que acha certo.. é dificil considerar que a aprovação retratou a vontade popular, mesmo porque o que falta aqui é o conhecimento da população sobre o que acontece no país. Entretanto, como quem esta no poder é considerado "representante popular" acho que a escolha foi a correta, o que falta agora é uma conscientização da população que deve abandonar os preconceitos e passar a respeitar o outro, seja ele homo ou hetero sexual.

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  10. acho isso o mau da sociedade

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